Milhões de pessoas em todo o mundo acompanharam o lançamento do iPhone 5. A grande decepção veio após o término da apresentação, onde ficou claro que o novo smartphone da gigante californiana não seria compatível com a tecnologia NFC.

Muitos celulares atualmente já contém chips NFC embutidos que enviam dados criptografados a uma distância curta ("campo próximo") para um leitor localizado, por exemplo, próximo a uma caixa registradora de uma loja.
Será que a Apple preferiu não embutir esta tecnologia no iPhone 5, ou o "hardware" está lá e ela preferiu não dizer agora?
Para Erick Vils, fundador da WebSoftware, os chips e antenas devem estar presentes no novo aparelho e a Apple preferiu amadurecer o modelo de negócios e sua monetização para esta tecnologia.
"Eu não duvido que a Apple tenha projetado antenas e processadores incorporados capazes de serem controlados por uma nova versão do seu sistema operacional a ser lançada quando for estratégico para a empresa"
, afirma Erick Vils que também é engenheiro de telecomunicações.
Outra possibilidade é que a Apple realmente não acredite na tecnologia NFC e tenha estratégias diferentes e mais avassaladoras sem precisar recorrer e depender de NFC.
O iOS6 traz uma novidade nativa do sistema operacional da Apple para iPhones e iPads chamada Passbook. Este aplicativo permite que você utilize o celular para validar ingressos de cinema, cupons de desconto e passagens aéreas. No momento, o Passbook é baseado em códigos bidimensionais chamados de QR-Codes que podem ser "lidos" por outros celulares através de suas câmeras fotográficas convencionais. Isso amplia muito a capacidade de a Apple compatibilizar o Passbook com outras plataformas e equipamentos sem depender do hardware NFC.
"O Passbook pode ser a porta de entrada para mais um grande sucesso de receita da Apple. Ela acertou em cheio com o modelo AppleStore para venda de músicas e aplicativos e a nova fonte de receita da empresa pode ser a intermediação de tickets, cupons e, futuramente, os pagamentos. Podem ter desabilitado a tecnologia NFC temporariamente (via software) até que um modelo de negócios próprio seja criado para concorrer com o Google Wallet e outras soluções baseadas em NFC, ou simplesmente percebam que não precisarão do NFC para atingir seus objetivos."
, complementa Vils.

Vamos imaginar o seguinte cenário:
Você abre o aplicativo do Passbook no seu celular, escolhe qual ticket quer mostrar para a empresa aérea que está fazendo check-in e o atendente da empresa aérea aponta a câmera de um celular com Android que possui também um aplicativo do Passbook instalado e "fotografa" o código bidimensional que está na tela do seu iPhone. Pronto, você acaba de transmitir para ele o número do seu ticket de embarque e está tudo resolvido.
Agora imagine um taxista que possui um iPhone e ao terminar a corrida ele te fala que o total foi de R$ 45,00. Ele entra no aplicativo Passbook dele, digita o "valor a receber" de R$ 45 e isso gera na tela dele um código QR-Code. Então, ele te pede para abrir seu aplicativo Passbook e "fotografar" a tela dele. Seu celular percebe que é uma transação a ser confirmada e te pergunta: "Você tem certeza que deseja transferir R$ 45 para Cooperativa WebTaxi Ltda.?". Se você confirmar e houver conectividade, seu iPhone enviará uma "ordem de transferência" da sua conta AppleStore para a conta AppleStore da cooperativa e a transação é concluída com sucesso e uma mensagem via Push é enviada para o taxista confirmando que o valor foi creditado.
Neste modelo acima, a Apple passaria a ser um gateway de pagamentos concorrendo, inclusive, com o PayPal e operadoras de cartão de crédito.
O PayPal possui este modelo em funcionamento e aceita, inclusive, que a ordem de transferência seja feita por um "esbarrão" entre os 2 aparelhos de celular. Mas por que isso ainda não vingou? Os motivos podem ser diversos, mas possivelmente não são de ordem tecnológica, mas sim, cultural. Neste ponto (cultural) a Apple é craque em criar tendências e influenciar comportamentos.
Vamos ver no que vai dar...